Material licenciado sob a licença Creative Commons CC BY-NC 4.0. Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir deste material, desde que seja atribuído o devido crédito pela criação original.
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Cerca de 45 milhões de brasileiros são pessoas com deficiência, mas menos de 1% dos sites no Brasil são acessíveis, segundo pesquisa do Movimento Web para Todos, lançada em 2021. A conta não fecha!
Sabemos que nem todo recurso é barato, e o fato de a acessibilidade ainda não ser tratada como uma prioridade pelas instituições é mais um obstáculo. No entanto, existem ferramentas gratuitas, técnicas e protocolos que podem nos ajudar a mudar esses números.
A seguir vamos apresentar as orientações passadas pela consultora de audiodescrição e ativista do Movimento Social Feminista com Deficiência, Denise Santos, que participou de dois encontros na formação Dados Acessíveis
A áudiodescrição (AD) é um recurso de acessibilidade comunicacional que traduz imagens em palavras de forma objetiva e fluida. A ferramenta contempla não apenas pessoas com deficiência visual, mas também aquelas que, por algum outro motivo, não podem ver a imagem ou interpretá-la.
A AD pode ser aplicada em ambientes, em tabelas e em diferentes tipos de conteúdo. É uma ferramenta importante para pessoas com deficiência intelectual, dislexia, autismo, déficit de atenção, idosos e até mesmo pessoas sem deficiência, que podem ampliar seu centro de observação e entendimento de espetáculos, exposições e produções audiovisuais.
Profissionais que fazem audiodescrição
Roteirista
Faz a leitura minuciosa da obra, desmembra as imagens e reúne ideias que ajudem a interpretar as imagens em texto.
Consultor/a
Este/a profissional precisa ser uma pessoa com deficiência visual. É quem vai participar de todo o processo de elaboração do roteiro, aprimorar e validar o trabalho final.
IMPORTANTE: A audiodescrição é um processo dinâmico e precisa considerar as PCDs não apenas como receptoras do conteúdo, mas também como participantes e criadoras no processo. Lembre-se do lema “Nada sobre nós sem nós!”.
1.Pesquise sobre o que você vai dizer.
2.Descreva o que você vê:
• comece de cima para baixo e da esquerda para direita
• vá do que é geral para que é mais específico
• use corretamente as pontuações
• prefira frases curtas (essa prática ajuda também quem usa leitor de tela)
• descreva cores, formatos, relevo, medida, tamanho. Não é pra ficar enfadonho, então avalie quais são as informações mais importantes
• priorize as informações mais relevantes para o entendimento
• conclua uma ideia para depois incluir outra informação
“Eu sou Larissa Ferreira, uma mulher preta de pele clara, com deficiência. Meus cabelos são dredados e eles estão amarrados num coque no topo da minha cabeça. Eu visto uma roupa verde musgo, que combina com os meus brincos. E na minha boca está um batom vermelho claro. Atrás de mim tem uma parede branca e, ao lado, livros.”
Lista de dicas para deixar os conteúdos das redes sociais mais acessíveis
• Antes da descrição, sinalize a acessibilidade com as hashtags #pracegover, #pratodosverem, #descricaodaimagem ou similares. Além de acessibilizar o conteúdo, é uma ação educativa.
• Seja objetivo na descrição, não precisa de textão.
• Identifique os elementos relevantes da imagem.
• Evite usar figuras de linguagem (essa ajuda também a/o intérprete de Libras).
• Mencione cores e detalhes
• Use verbos no presente
• Se inspire nas regrinhas do jornalismo (o quê, quem, onde, como, etc) para identificar, situar e qualificar.
Veja o exemplo de audiodescrição do convite para a Exposição Presenças, na qual exibimos as peças artísticas das residentes da formação Dados Acessíveis. O post foi publicado no instagram e enviado pelo whatsapp.
#Paratodosverem O convite tem imagens de um olho, uma orelha e uma coluna cervical nas extremidades, com detalhes em azul, verde e laranja, respectivamente. Ao centro está o titulo exposição presenças seguido pelo endereço do evento: Galpão Bela Maré, Rua Bittencourt Sampaio, 169, Maré, Rio de Janeiro. No canto esquerdo estão a data e horário: 13/10 às 14h. No rodapé estão as logos das organizações realizadoras: data_labe, Bela Maré e Observatório de Favelas. O fundo do convite é bege com textura.
A legenda alternativa fornece uma descrição da imagem para pessoas que usam leitor de tela, isto é, a informação não fica disponível para todo mundo. Você pode sinalizar que a publicação tem legenda alternativa. Lembre-se de usar uma das hashtags mencionadas acima.
Instagram e Facebook permitem a inserção de legenda alternativa. Veja como fazer:
Podcast Acessível
O Brasil tem mais de 35 milhões de ouvintes de podcasts, segundo estimativas do Ibope. Mas como torná-lo mais acessível à pluralidade das deficiências?
1. Você pode subir um arquivo em vídeo com as legendas no Youtube
2. Você pode disponibilizar o roteiro completo em texto no site
3. Não esqueça de fazer a audiodescrição dos participantes e do ambiente onde o episódio está sendo gravado.
Referência: A série sobre mulheres com deficiência e maternidade do Podcast Malamanhada aplicou diversos recursos de acessibilidade tanto no episódio quanto nos conteúdos das redes sociais, entre eles roteiro escrito, Libras e legenda alternativa.
Plugin Real Accessability
Este plugin adiciona uma barra de ferramentas para pessoas com deficiência visual que contém os seguintes recursos:
Serve para pessoas que têm alguma dificuldade para perceber cores, sensibilidade à luz, distúrbios neurológicos ou transtornos de processamento visual. Esta opção melhora a legibilidade, reduz o desconforto causado por cores brilhantes, minimiza estímulos visuais intensos e facilita a compreensão do conteúdo.
O objetivo deste recurso é dar mais destaque ao texto.
Informa com aviso sonoro a existência de links na página para usuários de leitor de tela. Também ajuda pessoas com baixa visão a distinguir links do restante do texto.
Deixa o texto mais fácil de ler. No geral, prefira fontes não serifadas, pois já favorecem a leitura.
Plugin VLibras
Este plugin traduz conteúdos digitais para Língua Brasileira de Sinais (Libras).
IMPORTANTE: Os plugins citados acima são de código aberto, ou seja, é gratuito e pode ser usado e modificado sem restrições. Há mais plugins de acessibilidade caso seu site não siga uma política de utilização de códigos livres.
Legendar os vídeos
Criadores de conteúdo têm sido incentivados a legendar os vídeos para aumentar o engajamento das publicações. Isso porque nem sempre os usuários das plataformas podem ativar o áudio no momento em que estão consumindo o vídeo. Mas a acessibilidade é um motivo ainda mais importante para que você adote esta prática.
Você pode colaborar de várias formas e investir em educação, pesquisa e jornalismo comprometidos com as favelas e seus moradores.
Material licenciado sob a licença Creative Commons CC BY-NC 4.0. Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir deste material, desde que seja atribuído o devido crédito pela criação original.
Todo mês uma seleção braba de conteúdos sobre dados, tecnologias, favelas e direitos humanos.