Pesquisadores das periferias do Rio de Janeiro, São Paulo e Pará vão se reunir nos dias 19 e 20 de setembro para o 1º Seminário de Geração Cidadã de Dados, um evento híbrido voltado para organizações e coletivos da sociedade civil que pensam e trabalham com dados para a transformação social. O objetivo é reunir grupos que estão gerando informações sobre territórios que são constantemente negligenciados pelo poder público e pelas pesquisas tradicionais.
Foi frente às lacunas dos dados oficiais que surgiram iniciativas como o Cocôzap, ferramenta de monitoramento cidadã do saneamento básico no conjunto de favelas da Maré, e o Mapa da Desigualdade que, a partir de 40 indicadores, analisa o cenário de crise dos 22 municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ambos são desenvolvidos pelo data_labe e pela Casa Fluminense, que juntos realizam o evento.
O seminário está aberto à participação do público geral via transmissão online no YouTube e no Facebook da Casa Fluminense a partir das 10h. Serão cinco mesas de debates com nomes importantes no campo da pesquisa e metodologia para a consolidação do conceito de Geração Cidadã de Dados, entre elas Fogo Cruzado, Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Rede de Observatório de Segurança, Gênero e Número e Movimento Plantaformas. As pessoas participantes vão discutir sobre os desafios de produzir indicadores voltados para favelas e periferias, dados racializados, o apagamento da população LGBTQIAP+ nas bases governamentais, além das tecnologias, ferramentas e estratégias para cobrar políticas públicas.
Ao final dos dois dias de evento, as pessoas participantes vão elaborar uma carta de recomendações que será entregue às prefeituras e instituições de pesquisa e que contará com propostas para o incentivo ao desenvolvimento de novas formas de gerar dados com utilidade pública de forma cidadã nas periferias.
Confira a programação do evento:
19 de setembro (terça-feira)
10h – 11h15
GCD: metodologias, tecnologias e epistemologias
Proposta:
O que é Geração Cidadã de Dados e porquê ela existe? Debater a ausência de dados e possíveis soluções para essa problemática, a potencialidade dos dados gerados de forma cidadã para o engajamento de comunidades e os limites metodológicos e tecnológicos.
Organizações convidadas: Clara Sacco (Data_labe), CasaFlu (Vitor Mihessen), Juliana Coutinho (Visão Coop), Mariana Galdino (Lab Jaca),
Mediação: Juliana Marques (GEMAA)
11h15 – 12h45
Lançamento do Mapa da Desigualdade
Proposta: Apresentação dos destaques do Mapa da Desigualdade 2023, desenvolvido a partir da metodologia GCD. Roda de conversa sobre os indicadores, fragilidade dos dados públicos, ausência de dados e marcadores sociais.
14h30 – 16h30
Quem está fazendo GCD?
Proposta:
Dinâmica de aquário de projetos GCD, com apresentação e perguntas. seus projetos e passam por uma rodada de perguntas do público.
Convidados: Censo da Providência, Observatório do Marajó, De Olho na Quebrada, Movimentos, PIPA, Agenda Realengo.
Provocadores: Pablo Nunes , Elena Wesley, Fernanda Bruno (Lavits)
20 de setembro (quarta-feira)
10h – 11h15
Comunicação e incidência
Proposta:
Como os processos de GCD fortalecem e engajam comunidades, pautam a opinião pública e podem servir de instrumento de incidência política.
Convidados:Carlos Nhanga (Fogo Cruzado), Camila Barros (De Olho na Maré), Vitória Régia da Silva (Gênero e Número)
Mediação: Luize Sampaio (Casa Fluminense)
11h15 – 12h45
Tecnologias e ferramentas de trabalho com dados
Proposta:
Quais são as ferramentas, tecnologias e metodologias utilizadas para a coleta e análise de dados gerados de forma cidadã? Desafios e soluções.
Convidados: Larissa Amorim/De Olho no Transporte/GPS (Casa Fluminense), Polinho Mota (Data_Labe), Jader Gama (Plantaformas).
Mediação: R. Ramires (Infocria)
14h30 – 16h30
Plenária: Carta de Recomendações
Elaboração coletiva do manifesto GCD com propostas para produção de políticas públicas.