Como tudo começou ...

Neste primeiro capítulo contextualizamos como surgiu a primeira residência exclusiva para e com pessoas com deficiência. Nele você vai encontrar quais passos demos na pré-produção e como publicamos um edital acessível que chegasse ao público-alvo.

Ao longo destes seis anos de trabalho, desenvolvemos periodicamente residências de jornalismo com juventudes de periferia, negras, LGBTQIAP+. Além de uma oportunidade de formação e inserção na área, os jovens produziam outras narrativas sobre as favelas, periferias e seus moradores, geralmente estigmatizados nos veículos tradicionais. 

Observamos que poucas pessoas com deficiência haviam participado das edições anteriores e decidimos realizar uma residência exclusiva para pessoas com deficiência. Por conta da pandemia, reformulamos o projeto para um formato online. A ideia parecia ótima, mas nossa falta de experiência com a pluralidade das deficiências nos exigia estruturá-la com quem sabia mais sobre o tema.

Antes de botar o
projeto na pista!

>>> Converse com quem já trabalha com pessoas com deficiência.
Quais recursos as PCDs com quem atuam utilizam? Quais ferramentas foram adotadas para acessibilizar os processos?

>>> Pesquise!
Levante bibliografia que ajude você e sua equipe a expandir o conhecimento sobre o tema.
>>> Forme uma equipe com pessoas com deficiência e especialistas da área.
A experiência de outros profissionais vai te ajudar a mapear necessidades e antecipar eventuais desafios. Importante: Tenha atenção para não super responsabilizar as PCDs da equipe em relação às tomadas de decisão.

Para o primeiro passo, mergulhamos na dinâmica de trabalho das organizações Movimento Down e Luta pela Paz. Na época, esta última executava um projeto com pessoas com deficiências intelectuais diversas com foco na inclusão de PCDs no mercado de trabalho.
 
Contratamos ainda a psicóloga Tainara Cardoso, que tinha experiência com crianças e adolescentes com deficiência na rede pública de saúde, e a graduanda em Psicologia Gabriely Kruger Dutra, pesquisadora do campo da deficiência e subjetividade e ativista anticapacitista. Como supervisora e facilitadora da residência, elas nos ajudaram a formular a metodologia da residência desde a abertura do edital até a distribuição dos produtos desenvolvidos pela turma.

Como fazer
um edital acessível?

Prefira publicar todas as informações do
edital no corpo do site ao invés de em
arquivos .pdf ou .docx

Isso facilita o consumo da informação pelas
pessoas que utilizam leitor de tela.

Diversifique os formatos de envio de candidaturas

Nem sempre os modelos de formulário preenchidos por texto
(Google, Jotform, etc) são acessíveis para pessoas com
deficiência. Possibilitar o envio em texto, áudio ou vídeo pode
facilitar a participação do público.

Disponibilize canais de contato para dúvidas

Algumas redes sociais são muito incipientes em relação
a recursos de acessibilidade, o que faz com que muitas
PCDs não tenham o hábito de usá-las. Um email e um
canal no whatsapp podem tornar a comunicação para
dúvidas ou ajuda mais prática.

Insira recursos de acessibilidade nas publicações
de divulgação

As deficiências são variadas, logo exigem recursos diferentes.
Nós optamos por adicionar ao texto do edital um vídeo
legendado e com Libras que abrangia todos os tópicos do
edital. O produto também foi publicado nas redes sociais.

Acione parceiros ou outras organizações
que atuam com o público

Às vezes as organizações ficam frustradas pela baixa adesão
a uma oportunidade, mas desconsideram que o público
desejado não é compatível com o perfil de seus seguidores.
Aqui costumamos inserir no cronograma do projeto duas
ações de fortalecimento da divulgação: mapear os atores
conectados ao tema e enviar a eles posts sobre a
proposta, a fim de que compartilhem com sua rede.

Todo mês uma seleção braba de conteúdos sobre dados, tecnologias, favelas e direitos humanos.

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